Capitão Wilhelm Bade - Pioneiro do Turismo Polar
Um dos disseminadores da filatelia de Spidsbergen, sem dúvida alguma, foi o pai do turismo polar, capitão Eduard Gustav Wilhelm Bade (W. Bade). Sexto filho, de um total de oito, de Friedrich August Axel Bade e Henriette Conradine Mathilde Bade, nascido no dia 20 de fevereiro de 1843 em Honen Wieschendorf, perto de Wismar, Mecklenburg, Alemanha, local onde a família já era proprietária há cinco gerações, desde 1833.O armador Ernst Brockelmann (1844-1853) é considerado como o fundador das viagens de turismo (caça) de Rostock a Groenlândia, este ramo de transporte tem sempre um papel secundário e o lucro esperado bem baixo. Visto que dois navios de Rostock foram congelados nos invernos severos no mar Báltico. Como os outros navios já fizeram as suas primeiras capturas e com a capacitação e os instrumentos técnicos dos capitães e tripulações, talvez devesse questionar as partes envolvidas se é mesmo falta de sorte na caça. Devido aos resultados negativos dos dois navios envolvidos, o brigue "Flora" e a barca "Polarstern", em 1853 foram reintegrados no transporte de mercadorias no mar Báltico e Mar do Norte.
Em 1858, com 15 anos, Wilhelm Bade enfrenta pela primeira vez o mar ártico.
Em 1860, a família Bade deixa a propriedade de Honen Wieschendorf para o filho mais velho da família, Theodore, e se transfere definitivamente para a casa 76 da Estrada Friedrich Franz, em Rostock (hoje Estrada Augusto Bebel), onde possuíam uma casa. Wilhelm Bade, acompanhando os pais, mudou-se para Rostock e teve a oportunidade de fazer o básico do ensino marítimo. Um aprendizado feito em normais serviços de carga, mas nenhuma viagem para o Mar do Norte da Europa.
Em 1869, Karl W. Koldeway, chefe da segunda expedição alemã ao Polo Norte admitiu Bade a seu serviço como segundo oficial (segundo-piloto e comissário) a bordo do navio de expedição "Hansa", sob a liderança do Capitão Hegemann. O Hansa era uma pequena escuna que acompanhava o navio Germania. Os dois navios da expedição, "Germania" e "Hansa", partiram em 15 de junho de 1869 de Bremerhaven. E em 20 de Julho de 1869, o líder da expedição deliberadamente tentou forçar uma passagem para o norte, contra a poderosa corrente polar. Na costa leste da Groenlândia, os navios se separaram no denso nevoeiro. Daí por diante as tripulações dos dois navios passaram a conduzir de formas diferentes as tarefas da expedição, cada um por si.
Em 14 de setembro de 1869, o "Hansa" já preso no gelo congela e em 14 de outubro de 1869 acaba por ser esmagado. Os membros da tripulação foram obrigados a refugiar-se em um bloco de gelo onde montaram um abrigo de emergência. Os homens passaram um inverno miserável, à deriva na costa leste da Groenlândia em direção ao sul por 237 dias. Percorreram cerca de 1500 km, com o bloco de gelo diminuindo, eles passaram a utilizar seus três botes que conservaram. Em 13 de junho de 1870 eles encontraram novamente terreno sólido na estação da missão da igreja Morávia Friedrichsthal. A bordo do navio "Peru", os tripulantes do Hansa chegam a Copenhagen em 1º de setembro de 1870 e dois dias depois, três de setembro, chegam de volta a Bremen. O "Germania" também retornou para Bremerhaven (cidade alemã no Estado de Bremen) em 11 de setembro de 1870.Durante este tempo, Wilhelm Bade registrou em dois diários todo o passeio no bloco de gelo no mar polar. Esses diários, como também uma cópia, escritos por ele se encontram nos arquivos da cidade hanseática de Wismar. O conhecimento dos próximos vinte anos na vida de Bade é incompleto. Sabe-se que em 1870, ele começou um programa de palestras. São conhecidos dois textos de aula, "falar sobre a finalidade e os objetivos das expedições ao Pólo Norte, o seu equipamento e as formas que têm sido de melhor escolhas" e "falar sobre a Groenlândia".
Na verdade, é possível que ele possa ter passado a fazer junto com compatriotas viagens de cruzeiro da Noruega para spids a partir de 1871.
Em 1871, Wilhelm Bade pretendeu entrar para a marinha alemã, sua tentativa não foi bem sucedida tendo recebido resposta negativa. Em 20 de maio de 1872, Wilhelm Bade casou em Schwinkendorf, com sua prima Lulu Bade que lhe deu cinco filhos nos próximos anos: Sara (nascida em 1874), Axel (nascido em 1876), Elsevier (nascida em 1878), Heinrich (nascido em 1883) e Lulu (nascida em 1889). O casal inicialmente vivia em Swinoujscie. A partir de 21 de dezembro de 1873 passou a trabalhar para a Lloyd Báltico como capitão do navio a vapor, de passageiros, “Imperador" que fazia a linha entre Swinoujscie e Szczecin.
De 25 de junho de 1875 até a sua morte, Bade foi membro correspondente da Associação Alemã para viagens ao Norte Polar, que a partir de 1º de janeiro de 1877 passou a se chamar Sociedade Geográfica de Bremen e da Associação de Geografia e Estatística de Frankfurt. Com o apoio financeiro da Fundação de pesquisa polar Austro-Húngara em 1872/74 participou de pesquisas em expedição ao Polo Norte.
Em 25 de abril de 1876, a Lloyd Baltic faliu e os navios foram assumidos pela companhia marítima JF Braeunlich & Co., de Szczecin. O navio "Imperador", até 1900, ainda fazia parte da lista da companhia navegação e, em seguida, foi vendido para desmonte, mas foi registrado em 1877 sem capitão e, portanto, pode-se supor que o navio não foi desmontado e, também, não retornou as mãos de Bade.
O interesse nas regiões polares, principalmente da Alemanha, se tornou mais aguçado, devido às palestras realizadas por Wilhelm Bade. Com o aumento das palestras começou uma campanha para uma terceira viagem polar do norte da Alemanha. Ele acordou o seu público, mas também acordou o interesse de aprender sobre a natureza extrema do próprio Ártico e defendeu uma maior utilização dos recursos economicos das regiões polares.
Consultando os catálogos de endereço da cidade de Wismar na década de 1880, aparece listado o estabelecimento de Wilhelm Bade, "Pescas do Mar Báltico Wendorf", que oferece pesca manual no portão de Lubeck. Consta ainda que a família Bade em 1881 residia na Estrada de mecklenburg nº 4 e depois passou a residir na Rua Wankart nº 13.
Em 1891, Wilhelm Bade convenceu alguns investidores de Stuttgart para equipar uma expedição para Spidsbergen e Bear Island (Ilha do Urso) com a intenção de pesquisar a viabilidade da exploração economica dos depósitos de carvão, das florestas, da pesca de baleias e das populações de peixes nas águas circundantes. Bade foi nomeado líder da viagem da “Württemberg Spitsbergen Expedition”. A bordo de uma traineira convertida de nome "Amely”, fretada junto à empresa Sea Fishing Company Droste, Gehrels u Co. Esta viagem começa no porto de Bremen em 26 de Julho, sob o comando do capitão Mahlstede que possuía grande experiência no Ártico, já que ele em 1882 levou os participantes alemães do Ano Polar Internacional para Baffinland e foi buscá-los novamente em 1883. Faziam parte da expedição, ainda: O engenheiro de minas Leo Cremer (1866-1901) para a execução do trabalho geológico indicado por Wilhelm Hauchecornes chefe do Instituto Geológico nacional, em Berlim, o zoólogo Max Von Zeppelin, o oficial e explorador Karl de Urach (1865-1925), o químico Richard Baur (1833-1910) e o médico-cirurgião Dr. Faber. Em seguida, após visitar a estação de caça à baleia em Bear Island, o Amely seguiu a costa oeste de Spidsbergen investigando as jazidas de carvão conhecidas mais de perto. No fiorde Magdalene quase atingiu o paralelo 80. Nas margens dos fiordes profundos que levam até o centro do território, Cremer sempre encontrou depósitos de carvão lavráveis. Os outros passageiros gastaram seu tempo com frequentes viagens de caça. Cremer e Zeppelin relatam que poderiam levar turistas já que a natureza e a paisagem ártica impressionam. O Amely retornou para Bremerhaven em 06 de setembro.
Bade usou as vagas estimativas otimistas de Cremer nas palestras que fez em várias cidades da Alemanha Ocidental para anunciar o outono e inverno de 1891 para aproveitamento econômico de Spitsbergen. Em particular, ele esboçou um retrato de uma estação alemã sobre Bear Island, onde as baleias e peixes pescados nas águas que cercam Spidsbergen podem ser processados com a ajuda do carvão local. Ele também considerava promissora, uma exportação de carvão para a Noruega e para o norte da Rússia.
Para Wilhelm Bade, apesar de ter desempenhado o papel de líder da expedição somente, essa viagem serviu de conhecimento para a exploração econômica local, já que ele teria de fato uma loja de pesca em Wismar e também ter sido avaliada a possibilidade de poder levar turistas para essas regiões. Juntando a esta ideia o fato de que o Imperador Wilhelm II viajou várias vezes com seu iate para a Noruega.
As idéias de Bade foram publicadas em maio de 1892 na publicação semanal de ciências naturais e apesar, de em junho, terem sido submetidas a uma análise crítica afiada do zoólogo experiente em ártico, Willy Kükenthal que afirmou “que mesmo não tendo qualquer fundamento as quantias aplicadas para a realização dos planos de Bade estariam irremediavelmente perdidas." Bade foi bem sucedido, poderosos investidores de grandes empresários do Reno se interessaram no seu projeto e na primavera de 1892 foi fundada em Mülheim an der Ruhr, a empresa Nordic Sea Fishing Company com um capital de 200 mil markos.
Em 02 de julho foram aprovados os estatutos gerais constitutivos, além de pesca maritima, caça à baleia e mineração também o turismo polar foi citado como meta corporativa. O Conselho de Administração da Companhia consistia de Wilhelm Bade, Hugo Stinnes e o procurador Hermann Doebel. Bade participava com dez por cento das ações. Outros investidores da indústria de carvão e do aço do Reno foram Gustav Stinnes, Gerhard Küchen, August Haniel, Franz Haniel, Hugo Von Gahlen, Emil Poensgen e Rudolf Waldthausen.
A empresa encomendou à firma Akers Mekaniske Verksted, de Christiania, um baleeiro moderno, o navio a vapor Glückauf (Boa sorte), que fez sua primeira viagem em 1º de agosto de 1893, partindo de Travemunde, em Lübeck, na Alemanha e nessa sua estreia matou 17 baleias entre o início de julho e início de agosto.Ao mesmo tempo, começou uma viagem de lazer com o navio a vapor Admiral (Almirante) fretado da Deutschen Ostafrikalinie (África Oriental Alemã Line) com 70 passageiros. Apesar de Bade ser o responsável pela viagem, o Admiral era comandado pelo Capitão West, o percurso desta primeira viagem turística, não é conclusivo, e os testemunhos filatélicos desta viagem são apenas sob a forma de um cartão postal disponível. Uma vez que não havia, em Spidsbergen, nenhuma estação de correios.
Os navios chegaram ao porto de Tromso e se dirigiram primeiro para a estação de caça à baleia na ilha Skoroya, uma antiga comunidade baleeira que foi visitada em 1892 pelo Imperador alemão Wilhelm II, para ser visitada pelos participantes do cruzeiro e para onde o Glückauf (Boa sorte) viria a trazer suas baleias capturadas para serem esquartejadas.
Em seguida, os navios tomaram juntos em direção a Ilha Bear (Ilha do Urso) e Spidsbergen. Se as baleias fossem avistadas, os passageiros do Admiral (Almirante) poderiam informar ao Glückauf (Boa sorte) e assistir a arpoagem de perto. Em 16 de agosto, os navios passaram o paralelo 80 a oeste de Spidsbergen e logo após ter atingido a fronteira de gelo, pelo final de agosto / início de setembro retornou para Lubeck, Hammerfest e Tromso, de onde novamente o Admiral regressou à Alemanha. Em 1894, Por causa de suas experiências a partir das duas primeiras expedições polares mencionadas, Wilhelm Bade se comprometeu a implementar essas viagens em seu próprio país. Para isso, ele fretou para uma viagem de quatro semanas a Spidsberg, o navio a vapor Stettin, uma embarcação construída em 1886 para a linha do Extremo Oriente da North German Lloyd. Sua capacidade de passageiros era de 106 pessoas e com uma força de trabalho de 49 homens. O navio comandado pelo Capitão H. Wempe e o experiente Capitão norueguês Henrik Næs (1862-1950) como piloto de gelo para maior segurança dos passageiros a bordo. Partiu de Bremerhaven em 05 de agosto de 1894, quando a bordo, para os passageiros, começou uma jornada cheia de acontecimentos que leva até a borda do bloco de gelo. Retornando para casa em fins de agosto e chegando em Bremerhaven no início de Setembro.
Em 17 de julho de 1895, em Bremerhaven começa mais uma viagem com um irmão do navio Stettin, o navio Danzig, também fretado por Bade da North German Lloyd, que havia servido como hotel durante a abertura do Canal Kaiser Wilhelm e agora, com dispositivos elétricos adicionais, permitia o transporte de outros passageiros. Assim como na viagem de 1894 continua o vapor Danzig, sob o comando do capitão Wempe. A viagem resultou em um acidente, o navio encalhou em uma rocha submersa, em Sorgattet, ao sul de Danskoya, o navio desencalhou por si e continuou a viagem. Após a chegada em Bremerhaven em 16 de agosto, o navio foi levado para uma doca para a determinação do dano exato. O filho de Wilhelm Bade, Axel, pela primeira vez participou de uma dessas viagens e vem dele o relatório sobre o naufrágio do navio Danzig. Além deste relatório, há um cartão postal carimbado em Hammerfest 3 VIII.1895 e sobre o que o escritor A. Fehrmann também informou do acidente.
O naufrágio do Danzig parece ter impactado as relações de negócios para a North German Lloyd, Porque no rescaldo conseguiu receber apenas o frete dos navios da empresa de Bade. Também, para Bade, pode ter sido uma lição o acidente do Danzig, que passou a preferir navios menores, com uma menor profundidade e bem mais manobráveis.
Em 1896, ele fretou o Erling Jarl, um barco a vapor de 60 metros da Nordenfjeldske Dampskibsselskab em Trondheim sob o comando do Capitão Erik Lund. O navio partiu de Hamburgo em 17 de julho com 52 passageiros, incluindo o geógrafo alemão George Wegener e o pintor suiço Hans Beat Wieland. Em 24 de julho, o navio chegou Virgohamna (Virgo Bay) em Danskoya onde Salomon Auguste Andrée estava esperando por ventos favoráveis para com o seu balão de hidrogenio Örnen (Águia) tentar chegar ao Polo Norte. Andrée explicou aos passageiros o seu plano e mostrou-lhes o hangar do seu balão. O Erling Jarl em seguida, foi até a borda do bloco de gelo em 81 ° 38 '8 "de latitude norte, tão ao norte como nenhum barco de recreio havia chegado, voltando depois para Virgohamna (Virgo Bay). Neste momento, chegou com um grupo de caça Inglês, a bordo do navio Expres para testemunhar a ascensão do balão, o jornalista e explorador polar alemão, Teodor Lerner que se notabilizou pela sua luta a favor da soberania alemã sobre a Ilha do Urso, em Spidsbergen. Em seguida o Erling Jarl partiu para o sul em direção ao Magdalenefjord (Fiorde Magdalene), Kongsfjorden (Fiorde dos Reis), Isfjord (Longyearbyen) e Adventfjord (Fiorde Advent) onde foram feitas as expedições científicas do sueco, especialista em geleiras, Gerard De Geer e do explorador do ártico Sir Martin Conway. As próximas paradas do cruzeiro foram o Cabo norte e Vadso onde no dia 9 de agosto, um eclipse solar total poderia ser observado, no entanto, o céu nublado não permitiu. Em 31 de agosto, o Erling Jarl estava de volta a Hamburgo.Wilhelm Bade ofereceu aos seus convidados os seus próprios selos postais, que foram concebidos por artistas como Hans Bata Wieland ou Themistocles de Eckenbrecher, que havia participado de seu próprio cruzeiro. Em 1897, ele emitiu uma edição de 1000 exemplares impressos cujo motivo constitui uma paisagem da neve do Ártico com um caçador e um cão. Estes selos considerados cinderelas no valor de 10 Pfennig traziam impressos os textos "ARCTISCHE POST" e "CAP. W. BADE ". Ele foi seguido por mais 1000 unidades nos anos 1897 e 1898 agora com o desenho de uma foca reclinada em um bloco de gelo sob o sol da meia-noite e a inscrição "POLAR POST" (sem hífen) e em 1903 o mesmo design, com a inscrição "POLAR-POST"(com hífen).
Bade fretou para suas viagens ao Ártico de 1897 até 1899, um navio construido em 1890, pelo estaleiro Joh. C. Teclenborg em Geestemünde, para a Nordenfjeldske Dampskibsselskab, o Kong Harald,. Oferecia aos passageiros um elegante salão e todas as comodidades modernas: iluminação elétrica, cabines de luxo, banheiros, uma biblioteca bem abastecida e piano bar. No primeiro ano, o destaque da viagem foi outra visita a Andrée em Danskoya. Hans Beat Wieland foi mais uma vez a bordo como reporter de captura de imagens em nome da Revista Leipzig, os documentários resultantes em forma de aquarelas e pinturas da paisagem ártica de Spidsbergen, representam um primeiro grupo importante na obra do pintor.Em 30 de julho de 1898, o navio deixou o porto de Hamburgo, com 61 passageiros,. Dois dias depois chegou ao pequeno porto norueguês de Kopervik na ilha de Karmoy. A viagem levou os hóspedes para Tromso na costa da Noruega onde foram mostradas paisagens especiais como o Fiorde de Geiranger ou a montanha Torghatten. Daí visitou a estação baleeira de Skorøya em Bear Island (Ilha do Urso). Indo depois para a costa oeste de Spidsbergen, onde visitaram Adventfjord e o Smeerenburgfjord, indo até a borda de gelo, que foi de 81 ° 5 em 1898. Em particular, também foi revisitada Virgohamna (Virgo Bay) onde a casa do balão de Andrée agora estava em ruínas. Participou deste cruzeiro o anatomista, da Faculdade de Heidelberg, Hermann Klaatsch que aproveitou para fazer estudos sobre a fauna pelágica. Eles se encontraram com o iate do príncipe Albert de Mônaco, que fazia uma pesquisa oceanográfica nas águas ao redor de Spidsbergen.
Os três cruzeiros que Bade fez com o Kong Harald tinham um programa quase idêntico vividamente descrito em desenhos humorísticos pelo escritor Wolf Ernst Hugo Emil Von Baudissin, participante da jornada de 1898, sob o pseudônimo de Freiherr Von Schlicht.
No verão de 1900 Wilhelm Bade organizou sua viagem turística mais ambiciosa, uma viagem de caça para um pequeno número hóspedes elegantes para a remota e de difícil acesso Franz Josef Land (Terra de Francisco José). Ele fretou o navio noruegues Hertha, construido em 1884 no estaleiro Roedsverven emSandefjord. Esse navio viajou em 1893/94 como navio escolta do navio Jason pilotado pelo capitão Carl Anton Larsen numa expedição na Antártica. Onde uma das ilhas, do grupo de Ilhas Robben, recebeu o nome de Hertha. Em 1899 o navio Jason foi rebatizado como Stella Polare, navio da expedição de Luigi Amedeo Di Savoia-Aosta, Duque de Abruzzi, viajando para Franz Josef Land (Terra de Francisco José), com a idéia de atingir o Pólo Norte de trenó.
Com o Hertha, a viagem de turismo de Bade embora concebida essencialmente como uma viagem de caça, tinha, também, a esperança do encontro com o Stella Polare para obter em primeira mão informações sobre o andamento da expedição ao Pólo Norte. Os passageiros eram, portanto, principalmente italianos. Entre eles, no entanto, também foi Hermann Anschütz-Kaempfe que surgiu seis meses depois, com o plano de querer alcançar o Pólo Norte com um submarino. Na prossecução deste objectivo, ele desenvolveu o giroscópio como um substituto para a bússola magnética que era inutil no caso de casco de aço.Hertha foi para a ponta norte da Noruega pelo Mar de Barents e diretamente para Franz Josef Land (Terra de Francisco José), onde as condições difíceis de gelo, no entanto, não lhe deram êxito na empreitada. Viajou para o oeste do arquipélago onde o paralelo 80 foi excedido. Em seguida, o navio navegou na costa leste de Konig Karl Lands (Terra do Rei Carlos) e Hopen (ilha do arquipélago de Svalbard) retornando em direção à Noruega. O sucesso da caça do Hertha foi bastante modesto, a presa foi composta de quatro ursos polares e algumas focas. No entanto, em Hammerfest ocorreu o tão esperado encontro com o Stella Polare. Os passageiros do Hertha foram convidados pelo Duque de Abruzzi para subir a bordo e soube que um grupo comandado pelo oficial naval Umberto Cagni não alcançou o pólo norte geográfico, mas chegaram tão perto dele como ninguém conseguira antes deles.
Em 1901, Wilhelm Bade não organizou cruzeiro algum, mas no ano seguinte ele retomou a carreira com o navio finlandês Oihonna que foi fretado para dois passeios na rota Spidsbergen em cinco anos consecutivos. O significado histórico-ciência é o cruzeiro de agosto de 1902. Entre os convidados estava o principal observador da aeronáutica, do Observatório Tegel de Berlim, Arthur Berson, que desfrutou de uma certa popularidade, uma vez que no ano anterior, juntamente com Reinhard Süring em uma cesta aberta, no balão de gás de nome Prússia, havia conseguido um recorde, havia atingido 10.800 m. Berson havia trazido um guincho manual, doze asas dobráveis (balão em formato de pipa) e 14.000m. de fio. Com ajuda de seu assistente Hermann Elias equipado com instrumentos ele fez a asa subir a partir da parte traseira do deque do navio (plataforma de passeio). A ascensão dessas asas foram as primeiras introduções de balões meteorológicos realizados no Ártico. Wilhelm Bade apoiou os cientistas não só pelo fato de conhecê-los financeiramente, ele também concordou que se o calendário apertado permitisse, adaptar a velocidade e a direção do navio para as necessidades dos meteorologistas.
Também alpinistas utilizaram várias vezes o Oihonna para a viagem para Spidsbergen. Em 1902 o vulcanólogo suíço Albert Brun com outros quatro passageiros (Berson, Elias, Pequeno, Straub) subiu a 922 m de altura da montanha em Nordenskiöld Land, peninsula na parte central de Spidsbergen, atingindo o pico que hoje leva seu nome, Albert Bruntoppen.Wilhelm Bade morreu em 1903 depois de uma cirurgia de ouvido em um hospital e estava em Rostock, na vila Proseken, tendo sido enterrado em Wismar. Em Svalbard, um Nunatak (blocos de rocha que servem de refúgio) recebeu o nome de Badetoppane o pioneiro do turismo polar.
Axel, filho de Bade, passou a organizar os cruzeiros desde 1903. Em 15 de julho de 1905 embarcaram para Bunsow Land em Nordenkiöldbreen os alpinistas: Aemilius Hackers, Günther Freiherr Von Saar e Hermann Wilhelm Satler que em um mês deram o nome a muitas montanhas, incluindo a Tenda Berg (em norueguês Teltfjellet), Zwischenkofel (em norueguês Midterfjellet) e Ponta Klaas-Billen que já não podem ser claramente atribuidas hoje. No dia 15 de agosto, os homens foram resgatados pelo navio Oihonna que já estava na segunda viagem neste verão. A bordo desta vez também o pintor de paisagens marinhas Themistocles Eckenbrecher.
Em 1907, Axel Bade fretou o navio Thalia, um navio de carga e passageiros, construído em 1886 para o Oesterreicher Lloyd (Lloyd Austríaco) e reformado apenas como navio de recreio, com quatro pavimentos com uma única classe de cabine e espaço para 171 passageiros.Ao lado propaganda da viagem do Thalia para julho e agosto de 1907.
Embora cerca de dois passeios de quatro semanas foram anunciados originalmente para Spidsbergen, somente realizou o primeiro para Trondheim e durou 14 dias. Na segunda viagem, com o capitão Baron Von Bretfeld no comando, foi como de costume ao Oceano Ártico. Em agosto, visitou Smeerenburgfjord e após o fiorde visitou o americano Walter Wellman em Danskoya. Os norte-americanos esperavam clima favorável, para um vôo para o Pólo Norte. Em setembro, ele alçou o seu dirigível América em uma tentativa frustrada, o vôo teve de ser cancelado por problemas técnicos depois de 40 milhas. O Thalia foi para o bloco de gelo e, em seguida, retornou. Para os convidados foi oferecida a oportunidade de caça em Sassenfjord.
Em 1908, foi realizado o último cruzeiro, organizado pelos herdeiros de Wilhelm Bade. Com o navio Andenæs, construído em 1903 para a Vesteraalens Dampskibsselskab e preparado em Kiel para um cruzeiro de quatro semanas em Spidsberg.
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